um provocador de sonhos...e uma provocadora de memórias...
quarta-feira, abril 12, 2006
continuando o caminho...
E eis que o sentir se libertou do desenho da palavra... O desafio também vive da partilha, De ser todo por inteiro num breve instante, Tornando-se um momento único de poesia...!
Espreito da janela o colorido das flores no pulsar da Primavera. Lembrei-me das flores de laranjeira, das madressilvas,dos lilases, das ervilhas-de-cheiro... Inebriada de tanto aroma... Tombei caída no baú da memória dos meus sentidos, Hum...está-se tão bem...
Dou por mim, num discreto mas sistemático olhar atento... A passagem do tempo, cumpre os ciclos da vida... Possa filha do pai cuidar, como ele dela cuidou...
Alexandre no seu pedestal, não se deixou mascarar... O dorminhoco Guilherme, disfarçou-se de sentidos E o engraçado Tiago, tinha cauda de animal... Um docinho de algodão, lembrava o terno Miguel Mas o safadinho João mostrava um risinho infernal... O bigodes tigre Manel, cansado adormeceu, Enquanto a fada Margarida, esvoaçava divertida... E assim de uma penada, divertiu-se a garotada E lá se foi o Carnaval...
Haja quem brinque e se dê à folia. Pena que teimem copiar o que não é copiável. Se tão bem usam a sátira, o burlesco... Sonhei um baile de belas máscaras, Mas senti a vida por demais grotesca E escondi-me do mundo para não dançar...
E neste abraço que há-de ser todo por inteiro, No autêntico sentir do nosso olhar, Em desafios de vida ou de sonho, Sintam quanto somos em cada coisa, Partilhando o nosso acreditar...
Quisera saber-nos capazes de derrubar, Uma estratégia cirurgicamente calculada, Um silêncio oportunista que tanto cala... Com qualquer que seja a idade, Possa ou não ser poeta, Velha guarda de direitos, Ou clareza de olhos nos olhos... Para já, destes, qualquer um, Mas Um, capaz de ousar um ideal... Ergam-se vozes, em traços feitos cruz, Por direitos, liberdades, garantias...
É no olhar, Na plenitude de cada olhar, Que encontro o sentido de todas as coisas... É no olhar, Na plenitude de cada olhar, Que a cada passo me deslumbro... É no olhar, Na plenitude de cada olhar, Que procuro o reflexo de quanto sou...
Que se diz a uma amiga que perde o pai... Não basta dizer o quanto sentimos.... Porque não lhe tira a tristeza do olhar... O peso da dor carrega mais que fardo... E não há forma de lhe aliviar a carga... Quem sabe lembrar-lhe o ciclo da vida... A força da semente de que é guardiã... A infinita beleza do seu florir...
para que haja Natal, é urgente lembrar ( é preciso avisar toda a gente*...)
Sofrendo a cruz da ínfima vida, No silêncio de uma morte anunciada, Deitados na aridez da desgraça Recolhidos no colo da dor, Filhos de um Deus esquecido, Crianças sem data, Sem Natal...
* vozes de poeta-cantor que me soaram ao longe ( ary dos santos? padre fanhais?)
andámos à procura de palavras novas para o natal. para este. para dar Natal. desconseguimos. O natal são gestos. de dar. gestos. não prendas coloridas. embrulhos. os gestos não se embrulham. acontecem em afectos. que aconteça natal em todos vós...
Saibam que nasceu, contam-se hoje anos, Concebida por quem não a soube amar... Perguntem-lhe da vida o bem querer, Saberão de um sol, de uma estrela, de um luar...
Ouvi falar do elogio a um amor puro... Desmedido, ousado, marcante, louco, irresistivel.... Inquestionável, de dar sem ter, de dor sem mágoa... De quem o tiver, poder viver tristemente sozinho, mas não ser só... Que possa não ficar a vida toda,mas fique dentro de nós para toda a vida... Um amor que se guarde no coração e seja a própria alma... Possa, num olhar, num momento... Encontrar um amor assim...
Peguei em pensamento feito desafio e pus-me a olhar bem para ele... Ali estava, forte, imenso, desafiador, a olhar para mim... Não lhe valeu de nada, não me assustou, não me convenceu...
Presumo que Deus nunca terá um microscópio...
E eu vou tirar os óculos... Quem sabe, naturalmente, se entende melhor a vida...
Trago mágoas de alma, dores de vida, escondidas no corpo... Invisíveis lutas de células loucas... Limitam, deformam, imobilizam... Esforça-se o pensamento por alinhar os sentidos... Sonho-me livre, em voo de condor...
Criaram-me gaivota, mergulhando em abraços de infinito, faminta de alimento de alma... olhei e descobri o sorriso de um olhar de menino... rasguei o azul do céu, num golpe de asa e ofereci-lhe um arco-íris de sonho, com as cores viradas de pernas para o ar... anda o menino todo entretido, a retocar azuis...
A Terra enfurecida, tremeu devastadora e então Lisboa desapareceu, Impressionando a Europa. A Terra continua a enfurecer-se devastadora e a Europa impressiona-se, Mas nem sempre da mesma maneira... Tremessem consciências e enfurecia-me devastadora...
Em ferida tratada não se mexe, precisa sarar de vez. Se um castelo ruir, construa-se outro, mas mais forte. A força de cada alma, começa por si mesma. Se acena, cínica e maldosa, como pode ser velha amiga? Afastem-se tormentos de má memória. Não há fuga que mate os medos...
Perdi-me na urgência de ser urgente, olharem-me a dor que o corpo sente, Que triste a urgência de um hospital, Para quem vai, para quem está, para quem é, para quem sai... Pior mesmo? Era ser animal...
Há muito que ando rubra de vergonha, do que vejo, do que oiço, dos outros e de mim. Saber-nos, acomodados na mediocridade, Sentir-nos, atolados no lodo... Queria tanto acreditar que das cinzas se renasce... Trago preso na garganta um grito de esperança que preciso libertar...
Olhei o mar, Vi brancas ondas gigantes, assaltadas por cavaleiros em piruetas mil. Quais pontos negros em descanso, ondulavam bamboleantes. Titubeando sobre as rochas, acabavam por voltar ao quente do areal. Fiz-me gaivota e inconformada com este desajeitado andar, Abri asas de sonho e rumo ao horizonte... fui viajar...
Invadida, de delicada dádiva, em gesto meigo, feito carícia, em oferta feita afago, deixem meus amigos, que em mimos, se transforme, por vós, o meu cuidar...
É o inexplicável impulso que te impele, É a memória que guardas em cada gene, É a aptidão natural que te inspira, É o que te dita a intuição sem que percebas, É o que te manda o coração, mais que a razão, É o sentir para além do pensamento, São os instintos...
Trago na memória guardada, Uma linha de horizonte, Que não dividia o céu do mar... Ao longe enfunada ao vento, Branca vela pontilhava o azul. Do verde água do oceano, Nasciam breves ondas de espuma. E a areia quente, macia, Oferecia-se ao sol em deleite...
Pierrot escutou e nem queria acreditar. Saltimbanco-palhaço pobre, De girassol na lapela, Convidava Columbina, P'ra levar a passear... E ela rubra que nem papoila, Estendendo-lhe a mão, Sorriu-lhe e deixou-se levar... Lambuzados de algodão doce, Sentados em seu belo dossel, Lá iam em cavalo de pau colorido, Num sobe que desce sem parar, Girando na roda de um carrossel.
Como poderei agradecer o tanto que me dão Os meus amigos ? Se pudessem sentir o meu cuidar... Criem em mim um refúgio, Um porto de abrigo. Descansem aqui da vida, Querendo, precisando,podendo. Partilhem comigo caminhos de sonho, Em serenos passeios pelo infinito...
Quando durmo, o meu espírito vê coisas. Se me lembro e conto o que vejo, Ninguém estranha. De olhos bem abertos, permito-me Devaneios, quimeras mil, Ambiciono ideais, aspiro utopias... Luto, grito, explico... Acham-me tola. Não os percebo, São tudo sonhos...
Reparem na alegria do olhar, de quem se apaixonou... Espelha o encantamento da alma, O palpitar que brota do coração... O sorriso de um sonho sem fim... É tão bonito o olhar de quem se apaixonou...
Na tranquilidade de uma noite quente de Verão, escuta... Sob o sol abrasador da planície deserta, escuta... No cimo do monte perscrutando o horizonte, escuta... No meio da brancura fofa do nevão, escuta... No interior de um templo em recolhimento, escuta... Em cada dia que passa pára um momento e escuta... Aprende, sentindo o que escutas, nos (des) silêncios da vida...
Ao que vêm os golpes certeiros no coração dos países... Num ciclo de horror, destruição e morte...? Trancam as portas depois do assalto... Mas não pensam e alimentam colaterais ciclos De horror,destruição e morte...
Honrar a memória de um sonho, é cumpri-lo, Fazendo-o crescer em gritos de arte... Merecer o impulso de um legado, é dar-lhe vida, Soltem e deixem viver, bailados amordaçados...
Cantando espalharam por toda a parte, Lembrando a pobreza, a fome, a miséria, a morte... Geldof, escreveu ao Papa... respondeu-lhe com fotografia autografada... Mas não sendo santinho, quereria se leiloado? e quem daria alguma coisa? A hipocrisia politica essa, espreita e ataca, se não for denunciada... A quem deve não se pede, exige-se ! Quem quer e tem para dar, que dê, sem mais... Mas são poucos os que dão sem pedir... E tantos pedem, pedem, pedem... até tampinhas... São pobres, muito pobres, mas só de espírito... E não morrem de fome...
Feito doido, alienado, Em discurso falho de juízo, Arrebatando miragens, quimeras mil, De coração insanemente apaixonado, Por princesa de história de inventar, Assim espalhou D Quixote, suas loucuras...
Gosto da letra "S" Torna as coisas Simples, Exige-nos Sinceridade, Impõe-nos Seriedade. Mas é Simpática, Olha-nos Sorridente, De forma Serena, Revela-se Sensível Plena de Sentir, De tanta coisa Sequiosa. Por viver Só, Esconde Saudades, Anima-se em Solidariedade E acredita em Sonhos...
Pega no fio e enrola certinho, Segura-o bem com a palma da mão, Lança-o certeiro em voo baixinho E deixa-o rodar até quase mais não... Mas não deixes que pare E fá-lo rodar de novo na palma da mão... Roda que roda, gira que gira, A vida do menino e a do seu peão...
Deixa que te olhe oriente, Que encontre a posição do meu lugar, Que descubra um caminho, um rumo, Que sinta um impulso p´ra me guiar, Que no labirinto da vida, me não perca Em (des)orientações...
E aquele Menino lindo, Pediu-lhe em seu sorriso brando, Que lhe pegasse ao colo, Queria ver tudo de cima, Conversar de olhos nos olhos. Ternamente assim foi feito. Agradecido, disse-lhe o Menino; Fernando, hás-de ser Santo! E se trocasses de nome...? António! isso, Santo António!
Labaredas em crescendo infinito... Fogo que em excesso tudo queima... Do horror da negrura da Terra, Cotos de árvores ardidas, Erguem-se ao céu em queixume... Esqueletos de casas em súplica... Seres imolados sem dó. Nada, ninguém resiste... Mesmo o fogo dos sentimentos, Consome o coração e a alma... Basta fechar os olhos e ver...
Soube-te vagueante, a ver, a ouvir o mar. Deixei voar o pensamento, soltei os sentidos. Na intimidade do escuro da noite, No marulhar das ondas sem fim, No aroma fresco da maresia, Olhei o céu estrelado, sorri. Sob a luz ténue do luar, caminhei, No macio da areia molhada. Senti arrepio de frio e parei. Na ilusão dos sentidos o vazio... Vi-me entre quatro paredes.
Consagram-lhes dia, comemoram... Declaram-se direitos, escondem-se abusos. Oferecem-lhes fome, doença, guerra, morte... No grito silencioso de um olhar... Nem o horror apaga a beleza de uma criança...